Como simplificar um texto científico
Beto
Holsel
Muitos textos
científicos são escritos numa linguagem de difícil compreensão para o grande
público. Torna-se necessário traduzi-los para torná-los mais acessíveis ou,
pelo menos, para uma difusão mais extensiva da profundidade do pensamento
científico. Isto pode ser feito com aplicação de um método engenhoso que
consiste na reunião de conceitos fragmentados em outros mais abrangentes que,
numa sucessão progressiva de sínteses - ou estágios - reduzem a complexidade do
texto original até o nível de compreensão desejado.
Se estas colocações
parecem ainda obscuras ou abstratas - o que mostra que são científicas - um
exemplo muito simples ilustrará o método e facultará ao leitor esperto
praticá-lo em outros textos
. O exemplo que daremos a seguir é o de um texto altamente informativo em que são discerníveis elementos de Química, Física, Botânica, Geometria e outras disciplinas.
. O exemplo que daremos a seguir é o de um texto altamente informativo em que são discerníveis elementos de Química, Física, Botânica, Geometria e outras disciplinas.
Como se verificará,
entretanto, essa massa de compreensão pode ficar mais próxima. Ao final do
quinto estágio, surgirá, clara e límpida, a síntese mais refinada daquele
texto, antes incompreensível, que brilhará singela e cristalina, evidenciando a
eficácia do nosso método.
TEXTO ORIGINAL
O dissacarídeo de
fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e
da evaporação de H2O do líquido resultante da prensagem do caule da gramínea
Saccharus officinarum, Linneu, isento de qualquer outro tipo de processamento
suplementar que elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica
de sólidos de reduzidas dimensões e arestas retilíneas, configurando pirâmides
truncadas de base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no
órgão do paladar de quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona
favoravelmente as papilas gustativas, sugerindo a impressão sensorial
equivalente provocada pelo mesmo dissacarídeo em estado bruto que ocorre no
líquido nutritivo de alta viscosidade, produzindo nos órgãos especiais
existentes na Apis mellifica, Linneu.
No entanto, é possível
comprovar experimentalmente que esse dissacarídeo, no estado físico-químico
descrito e apresentado sob aquela forma geométrica, apresenta considerável
resistência a modificar apreciavelmente suas dimensões quando submetido a
tensões mecânicas de compressão ao longo do seu eixo em conseqüência da pequena
deformidade que lhe é peculiar.
Agora, o texto "trabalhado" para que vocês
possam compreender tudinho:
PRIMEIRO ESTÁGIO
A sacarose extraída
da cana de açúcar, que ainda não tenha passado pelo processo de purificação e
refino, apresentando-se sob a forma de pequenos sólidos tronco-piramidais de
base retangular, impressiona agradavelmente ao paladar, lembrando a sensação
provocada pela mesma sacarose produzida pelas abelhas em um peculiar líquido
espesso e nutritivo.
Entretanto, não
altera suas dimensões lineares ou suas proporções quando submetida a uma tensão
axial em conseqüência da aplicação de compressões equivalentes e opostas.
SEGUNDO ESTÁGIO
O açúcar, quando ainda não submetido à refinação e,
apresentando-se em blocos sólidos de pequenas dimensões e forma
tronco-piramidal, tem o sabor deleitável da secreção alimentar das abelhas,
todavia não muda suas proporções quando sujeito à compressão.
TERCEIRO ESTÁGIO
Açúcar não refinado, sob a forma de pequenos blocos,
tem o sabor agradável do mel. Porém
não muda de forma quando pressionado.
QUARTO ESTÁGIO
Açúcar mascavo em tijolinhos tem o sabor adocicado,
mas não é macio ou flexível.
QUINTO ESTÁGIO
Rapadura é doce, mas não é mole.
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